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Construção do conhecimento

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CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO: tecnologias da informação, comunicaçãO E metodolOGIAS

 

 

 

 

MELLO, Rosângela Menta – SEED/PR[1]

rosangelamenta@seed.pr.gov.br

 

 

 

 

A internet e as demais tecnologias nos ajudam a realizar o que já fazemos ou que desejamos. Se somos pessoas abertas, nos ajudam a ampliar nossa comunicação, se somos fechados, contribui para controlar mais. Se temos propostas inovadoras, facilita a mudança[2].

 

 

 

 

Estamos vivendo uma época de mudanças conceituais muito grandes, novas aprendizagens; passamos a conviver com a possibilidade de interatividade virtual em casa, na escola, no trabalho... Hoje podemos nos comunicar pelo sistema hi-fi, conexões a rádio, adsl, discadas etc. Desta forma pode-se dizer que o nosso planeta é um grande sistema de informações, idéias, conceitos, vivências, dentro de um contexto multicultural.

 O ser humano pode escolher onde quer estar e dialogar, através das redes, nas mais diversas áreas de conhecimentos. Podemos dizer que os jovens adoram a rede de relacionamentos, tais como orkut, msn, yahoo, entre outras. Já os educadores trabalham com várias redes para discussões, pesquisas, produções textuais, compartilhando idéias, imagens, experiências e novas teorias.

 As tecnologias de informação e comunicação têm facilitado a interatividade entre as pessoas, os países, os grupos sociais, sendo que a internet é a que mais se destaca, pela facilidade de acesso, baixo custo e a liberdade de expressão.

 A internet provocou uma verdadeira revolução teórica, de construção de pensamentos e conhecimentos, de transformação de hábitos e valores, de mudança de postura educacional. Mas, como operacionalizar em sala de aula? Uma das alternativas é a proposta de trabalho desenvolvida dentro do método de “Projeto de Aprendizagem”, proposto pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Curso de Especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem. Outra proposta é o Método do Arco de Maguerez estudada na “Metodologia da Problematização do Ensino” no curso “O Estágio e a Avaliação na Formação de Docentes - Modalidade Normal”, promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, ministrado pelas Profª. Adriana Regina de Jesus e Ângela Maria Souza Lima da Universidade Estadual de Londrina. Passaremos a seguir a discutir cada uma das propostas a seguir.

 

 

 

 

1 Projeto de aprendizagem (PA)

 

 

     O projeto de aprendizagem[3] é uma proposta metodológica onde o estudante é levado a construir o seu conhecimento, aprendendo a aprender, partindo de temas que selecionou com o seu grupo de trabalho, utilizando diversos recursos on-line. O professor orienta, acompanha e faz um processo de mediação presencialmente ou virtualmente.

 

 

Quando falamos em “aprendizagem por projetos” estamos necessariamente nos referindo à formulação de questões pelo autor do projeto, pelo sujeito que vai construir conhecimento. Partimos do princípio de que o aluno nunca é uma tábula rasa, isto é, partimos do princípio de que ele já pensava antes.

E é a partir de seu conhecimento prévio, que o aprendiz vai se movimentar, interagir com o desconhecido, ou com novas situações, para se apropriar do conhecimento específico - seja nas ciências, nas artes, na cultura tradicional ou na cultura em transformação.

Um projeto para aprender vai ser gerado pelos conflitos, pelas perturbações no sistema de significações, que constituem o conhecimento particular do aprendiz.  Como poderemos ter acesso a esses sistemas?  O próprio aluno não tem consciência dele!  Por isso, a escolha das variáveis que vão ser testadas na busca de solução de qualquer problema, precisa ser sustentada por um levantamento de questões feitas pelo próprio estudante.[4]

 

 

     A aprendizagem por projetos vai tomar como referência os conhecimentos do senso comum do aprendiz, levando em consideração seus desejos e curiosidades. O professor propõe à turma a atividade de pesquisa, onde são escolhidos os temas pelos próprios estudantes, individualmente e depois eles são agrupados por afinidades temáticas. Observamos que alguns aprendizes, durante este processo de seleção temática, abdicaram de seus temas para ficarem junto aos seus colegas preferidos. Neste momento é possível perceber as lideranças na turma, a capacidade de argumentação na escolha do tema dentro do grupo de pesquisa. Durante a primeira etapa de levantamento das dúvidas provisórias e certezas temporárias, nós percebemos todo o sistema de significações que constituem o conhecimento do grupo. São momentos primordiais, pois destes levantamentos é que surgirá toda a proposta de trabalho.

     Portanto são processos, segundo Magdalena e Costa[5] que:

 

 

·       partem das indagações dos alunos e dos conhecimentos que eles já têm.

·       desenvolvem-se com a colaboração/cooperação interna e externa (diversidade);

·       rompem com horários, disciplinas, seqüências, pré-requisitos, hierarquias, espaço...;

·       fazem dos estudantes e dos professores aprendizes, construindo conhecimento interdisciplinar, em ambientes informatizados.

 

 

             Motivados pela liberdade de escolha, o grupo de estudantes levantam as hipóteses, diante o problema central da pesquisa, direcionando para a especificidade do tema escolhido, fazendo recortes temáticos, adequando ao espaço e tempo disponível para a atividade. A fonte de informações é variada, desde as virtuais aos livros, revistas, jornais, entrevistas, etc.

             À medida que os estudantes vão organizando seus registros em um software de escrita colaborativa, o trabalho se desenvolve rapidamente. Além de o professor proporcionar à turma novos conhecimentos de softwares específicos para o desenvolvimento desta proposta, tais como a construção de mapas conceituais[6], a edição de textos, de imagens, sons e vídeos, a pesquisa com buscadores na internet, é realizada discussões importantíssimas: sobre a questão dos direitos autorais, o plágio, a ética, as posturas pessoais assumidas diante do trabalho do seu grupo e dos demais, até mesmo o processo de colaboração/cooperação com colegas de outras escolas.

             Toda a proposta do projeto de aprendizagem leva o estudante à autonomia, a desenvolver sua criatividade, a ser solidário e cooperativo. Mas, não somente com os aprendizes, mas também o próprio professor, à medida que buscará novos conhecimentos para orientar os temas escolhidos, a conhecer melhor as expectativas de sua turma, seus limites e possibilidades. Não existe uma receita pronta no desenvolvimento do projeto de aprendizagem, cada um se desenvolverá de acordo com a realidade local e com os recursos disponíveis.

 

 

1.1 Planejamento e organização do Projeto de Aprendizagem: relato de um experiência

 

 

     O projeto de aprendizagem (PA) foi aplicado no Colégio Estadual Wolff Klabin – Ensino Fundamental, Médio e Normal, na cidade de Telêmaco Borba, Estado do Paraná, com estudantes do Curso de Formação de Docentes, modalidade Normal. Participou deste PA a turma da 4ª série (formandos), separados em duas turmas: A1 e A2, no horário da disciplina de Prática de Ensino, no contra-turno escolar (13h30min às 18h), pelas Prof.ª Joseane Cíntia Piechnicki e Rosângela Menta Mello. A professora parceira na execução da atividade prática foi a Prof.ª Maria Alice Piechnicki Rogel, sob a orientação da Prof.ª Tutora Tânia Barbosa Salles (Universidade Federal do Espírito Santo - UFES).

             Os projetos de aprendizagem foram postados no servido pbwiki[7], onde foi criada e administrada a página de escrita colaborativa para esta atividade, de forma que as duas turmas puderam compartilhar pesquisas e colaborar com os colegas.

 

 

1.1.1 Escrita colaborativa – Wiki

 

 

             É uma recurso on-line para escrita colaborativa,

 

 

Na linguagem havaiana WIKI quer dizer “Muito Rápido”, e esta é uma ferramenta que pode realmente agilizar a escrita coletiva em várias comunidades na Internet. O WIKI permite a construção de hipertextos através do próprio navegador de páginas da internet. Quando você navega por páginas em um WIKI, pode encontrar um botão que lhe dá opções de fazer correções, acrescentar informações e até mesmo alterar todo o conteúdo da página.

Existem vários softwares para criar-se um WIKI, os dois mais famosos são desenvolvidos sob licença Open Source: O Mediawiki e o Twiki, estes programas são criados em PHP e banco de dados, ambos podem ser configurados para que somente pessoas com senha possam alterar os textos ou, se preferir permitir que qualquer visitante possa colaborar. O sistema conta com um registro de versões podendo, acompanhar todas as alterações realizadas em cada página do hipertexto e recuperá-la com alguns poucos cliques.[8]

 

 

             O Wiki nos dá a oportunidade de compartilhar as pesquisas, de escrever colaborativamente, de enriquecer o trabalho com o uso de diversos recursos on-line, tais como vídeos, apresentações, imagens animadas, inserção de links e postagem de arquivos no servidor e ser editado por qualquer pessoa e lugar, para postar comentários, pode controlar os acessos e postagens identificadas.

             Em nosso trabalho prático, na escola, utilizamos o servidor do pbwiki, que oferece 10mb de memória para armazenagem de dados, além de ser gratuito para educadores, com versões em português e com muitas opções de recursos.

             O pbwiki tem a possibilidade de organizar as produções escritas no formato de um site, com menu na lateral direita e várias páginas interligadas. Chegamos a ter quase dois mil acessos, mas como o servidor do pbwiki limpou os contadores (atualizou o sistema) em 16 de agosto de 2007, no momento não podemos precisar o número total de acessos. Diante da grande procura, a nossa página recebeu 20mb de memória do servidor para seus arquivos.

 

 

1.1.2 Pesquisa on-line – Buscadores

 

 

Com os sistemas de busca, na rede mundial de computadores, o mais utilizado na escola é o google e o yahoo, os estudantes enriqueceram suas pesquisas, analisando sites, informações, imagens, vídeos...

A internet tem nos oferecido uma variedade de informações que precisam ser observadas com muita cautela, observando a procedência da informação, respeitando os direitos autorais ao utilizá-la, sempre informando o nome do autor e do site. Solicitamos aos estudantes que observassem as orientações no netiqueta, algumas dicas sobre os comportamentos mais adequados na rede.

Os buscadores nos oferecem a possibilidade de compartilharmos nossas pesquisas, postadas em wiki, blog, sites, servidores de vídeos, apresentações, imagens, etc.

  

1.1.3 Diário de bordo – Blog

 

 

             O diário de bordo é um excelente instrumento de registro das atividades realizadas, das reflexões dos grupos de pesquisa e dos estudantes, podendo ser escrito individualmente ou em grupos. Através deste poderoso instrumento de acompanhamento das pesquisas o professor pode colaborar com o grupo de forma mais efetiva, isto é, percebendo suas dificuldades e os seus pontos fortes.

 

 

O diário de bordo é um espaço reservado para os  refletirem sobre seu processo de aprendizagem e relações com os colegas no curso. Seu conteúdo poderá ser acessado conforme o compartilhamento escolhido pelo aluno, sendo assim, quem tiver acesso poderá agregar comentários. Quando o aluno estiver em seu diário, ele tem a oportunidade de Incluir nova anotação.[9]

            

             O diário de bordo pode ser escrito em um blog pessoal ou do grupo, em cadernos, em espaços próprios para esta finalidade, como é o caso do EPROINFO, do Moodle ou na própria wiki, neste caso foi criada uma página, dentro do PA de cada grupo para que cada estudante organizasse seus registros. Acompanhe o registro de uma participante do tema “homicídios”

 

 

1ºEncontro: A professora nos passou como seria desenvolvido o projeto.Logo após "discutimos" o assunto que nós trabalharíamos (Jóyce Cristiane Rocha)

2ºEncontro: Como cada aluna escolheu um tema, nos organizamos em grupo e chegamos ao consenso que falaríamos sobre HOMÍCIDIOS e a partir disso iniciamos nosso mapa conceitual e nossas pesquisas.(Jóyce Cristiane Rocha)

3ºEncontro: Abordamos o livro "limite sem trauma", nesse livro encontrei assuntos interessantes que chamou bastante a minha atenção, nesses encontros consegui tirar as minhas dúvidas.(Jóyce cristiane Rocha)

4ºEncontro:Foi feita uma revisão sobre tudo que foi trabalhado,a aula foi bem atrativa pois consegui me auto-avaliar no que eu tinha errado e fiz uma correção em tudo que tinha feito. (Jóyce cristiane Rocha)[10]

         

             Podemos perceber o percurso que a estudante fez durante a aplicação do projeto de aprendizagem, apesar de tê-lo escrito sucintamente, por problemas de conexão na época, além de ser iniciante nesta forma de registro. No final do projeto, os estudantes perceberam a importância destes registros, pois ao sintetizar suas produções, fazerem suas auto-avaliações, recorreram aos registros. O diário de bordo também é importante para o professor acompanhar as atividades à distância, orientando e sugerindo links para a pesquisa.

 

 

 

 

1.1.4 O áudio a serviço da educação

 

 

             Falar em educação pública lembra o quadro de giz e o apagador, mas é possível revolucionar a Educação Básica no Brasil, alterar a metodologia de ensino. A utilização de recursos multimídias pode incentivar e orientar projetos que desenvolvem uma nova forma de aprender, com mais qualidade e criatividade.

             O podcast é um recurso que pode e deve ser utilizado pelos educadores que têm acesso à Internet, com gravação de áudios, seja pelo celular ou equipamentos de mão (ipod, MP3...). Podemos dizer que o MP3 já dominou o nosso espaço. É possível criar uma consciência crítica sobre as questões dos direitos autorais, que pirataria é crime e legalizar os áudios, as nossas produções, deixando de lado as grandes corporações. Existe muito material de qualidade que precisa ser publicado, sendo possível utilizar o espaço da internet (servidores gratuitos).

             O podcast é um excelente recurso de comunicação, que nada mais é do que divulgar o conhecimento seja ele informal, educativo ou de entretenimento. O professor pode começar com pequenas experiências, onde o grupo de estudantes e monitores (treinados para ajudar o grupo) vai discutindo, desde direitos autorais ao que é legal ser publicado. Por este motivo que o jovem gosta do podcast, pois pode selecionar e ouvir o que gosta, aquilo que acrescenta conhecimento a sua vida e deixar de lado o que não interessa.

             Tem muitas facilidades na produção de material para o podcast, inclusive nos laboratórios antigos com win95 e win98, sem memória suficiente para instalação de uma versão Linux mais recente. Nestas situações é possível instalar programas free do tipo Audacity, traduzido para o português ou ainda utilizar o Wavepad, para fazer a edição do som, com a inserção de músicas, vinhetas e efeitos especiais ou utilizar o gravador do Windows e do Linux.

             Para publicar o material há vários sites que postam gratuitamente o seu podcast, um exemplo muito bom é a www.escolabr.com que além de publicar seu trabalho oferece um curso para a criação do podcast e loudblog. O acesso ao material pode ser feito de qualquer lugar do mundo com conexão a Internet. O único inconveniente para este recurso é o acesso aos portadores de deficiência auditiva severa e as conexões discadas para downloads de arquivos grandes.

             Há vários projetos interessantes já publicados, mas poucos em nossa língua, e raros na área educacional. O podcast poderia ser utilizado na escola, nos intervalos de aula, divulgando as produções dos estudantes; os professores poderiam postar seus arquivos no site da escola, principalmente dos temas em que os aprendizes têm mais dificuldades na aprendizagem entre outras alternativas interessantes.

 

 

2 Metodologia da Problematização do Ensino

 

 

      A proposta do Curso Normal na rede estadual de ensino do Estado do Paraná está organizada nos princípios pedagógicos: o trabalho, a ciência e a cultura. O trabalho nestes termos pode ser entendido como

 

 

...o eixo do processo educativo porque é através dele que o homem, ao modificar a natureza, também se modifica numa perspectiva que incorpora a própria história da formação humana [...] implica em compreender a natureza da relação que os homens estabelecem com o meio natural e social, bem como as relações sociais em suas tessituras institucionais, as quais desenham o que chamamos de sociedade.[11]

 

 

É no cotidiano da escola que se percebe a importância deste princípio educativo. O aprendiz vivencia a prática de ensino, observando, participando e dirigindo atividades no campo de estágio. A metodologia da problematização do ensino, dentro da perspectiva histórico-crítica levanta argumentos a favor da conscientização no valor do trabalho humano, principalmente no que se refere à prática social. As questões sociais, econômicas, culturais e as diversas dimensões da análise de temas trabalhados em sala de aula, levam o aprendiz a perceber o seu papel, de seus familiares, de sua comunidade na construção de uma sociedade mais justa, focada no ser humano, questionando o consumismo desenfreado, o aquecimento global, o processo de massificação das informações pelos meios de comunicação.

Cabe ao professor, um papel de mediador neste contexto, de instrumentalizar o aprendiz com bases científicas sobre o trabalho humano de tal forma que o conhecimento escolar passa a ser o núcleo fundamental da práxis pedagógica do professor. A formação do professor pressupõe o domínio dos conteúdos que serão objetos do processo ensino-aprendizagem e, por outro, o domínio das formas através das quais se realiza este processo.[12]

Saviane apud Berbel[13] nos dá uma explicação de problema interessante:

 

 

Uma questão em si, não caracteriza o problema [...]; mas uma questão cuja resposta se desconhece e se necessita conhecer, eis aí um problema. Algo que eu não sei não é um problema; mas quando eu ignoro uma coisa que eu preciso saber, eis-me então diante de um problema. Da mesma forma, um obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que necessita ser superada, uma dúvida que não pode deixar de ser dissipada são situações que se nos configuram como verdadeiramente problemáticas.

 

 

        O aprendiz ao problematizar a realidade, estará refletindo sobre ela, dentro de um contexto vivido por ele ou mesmo presenciado. Os problemas extraídos pelos alunos passam a serem desafiadores e ricos, à medida que podem ser objeto de estudo sob diversos ângulos, de diferentes naturezas, pois segundo Berbel[14], possibilitarão tratá-lo em sua complexidade e a chegar a algumas hipóteses de solução. Se pudermos encontrar a resposta na literatura existente, a questão formulada não se constitui um problema, é apenas uma questão de informação.

O Método do Arco de Maguerez apud Berbel[15] proposto na Figura 1 apresenta um esquema da metodologia da problematização do ensino. Percebe-se a importância da observação da realidade, das situações problemas, do levantamento dos pontos chaves, refletindo sobre que aspectos estão relacionados a eles. Estes dois momentos também fazem parte do projeto de aprendizagem, ou seja, o aprendiz com base em suas preocupações, interesses pessoais, questões intrigantes, vai selecionar um tema que será objeto de pesquisa, logo a seguir levantará suas dúvidas provisórias e certezas temporárias sobre o tema escolhido, que no Método do Arco chama-se de Pontos Chaves. Somente após estes momentos que o professor irá orientar o processo de teorização, ou seja, a pesquisa propriamente dita no processo de construção do conhecimento.

 

 

Figura 1: Proposta que Maguerez denominou Método do Arco[16]

 

 

             Na teorização as pesquisas e descobertas são sistematizadas pelo grupo de pesquisa e o professor orientará para sejam analisados diferentes ângulos dos problemas selecionados, de diferentes fontes. Este momento também acontece durante o projeto de aprendizagem na escrita colaborativa, onde nós utilizamos o ambiente pbwiki.

             A partir do momento que os estudantes sentem-se seguros diante da proposta de pesquisa, dos dados levantados, verificando se todas as questões propostas foram respondidas e entendidas passam a levantar hipóteses de solução para o problema. Segundo Berbel[17] é neste momento que se compara as crenças iniciais, suas primeiras representações com as informações colhidas sob os diversos ângulos do problema. Ao serem sistematizadas, podem ocorrer o reforço de algumas idéias iniciais e alterações de outras, assim como a necessidade de aprofundamento em determinadas questões. No projeto de aprendizagem utilizamos o método de Mapas Conceituais elaborados no início do projeto e no final das atividades, comparando as descobertas, a organização do tema nas estruturas mentais dos estudantes.

             Contudo, o interessante do Método do Arco é justamente a etapa final, onde o aprendiz retorna a realidade para a aplicação das decisões tomadas após o momento das hipóteses de solução. Sendo estas decisões executadas e encaminhas, possuindo componentes científicos, sociais e políticos. A verdadeira transformação da realidade se dá a partir do momento que o aprendiz torna-se cidadão, com pequenas ações particulares, familiares ou mesmo coletivas, encaminhando pedidos às autoridades locais e regionais, participando de ongs ou movimentos estudantis, dependendo do problema levantado.

             Esta vivência metodológica destaca a filosofia da práxis, no curso de Formação de Docentes, marca as condições que tornam possíveis a passagem da teoria à prática e assegura uma íntima unidade uma à outra. Segundo Berbel[18] observamos que o estudante passa a ter um nível de consciência teórica relacionada com ou conseqüência de sua ação prática anterior, referente a esse objeto.

 

 

2.1 Planejamento e organização da Metodologia da Problematização do Ensino: relato de uma experiência

 

 

             Este método foi aplicado no Colégio Estadual Wolff Klabin – Ensino Fundamental, Médio e Normal, na cidade de Telêmaco Borba, Estado do Paraná, com estudantes do Curso de Formação de Docentes, modalidade Normal. Participou a turma da 1ª série, separados em duas turmas: A1 e A2, no horário da disciplina de Prática de Ensino, no contra-turno escolar (13h30min às 18h), pela Rosângela Menta Mello. A professora parceira na execução da atividade prática foi a Prof.ª Maria Alice Piechnicki Rogel, sob a orientação das Profª. Adriana Regina de Jesus e Ângela Maria Souza Lima da Universidade Estadual de Londrina.

             As pesquisas tiveram como foco principal a questão da gestão escolar, onde os estudantes levantaram os problemas e as soluções, a partir de entrevista com colegas e profissionais da educação (professores, funcionários e direção), utilizando-se de recursos digitais, os dados foram sistematizados, em uma planilha eletrônica, posteriormente analisados e discutidos. Foi realizada a pesquisa on-line e em outros tipos de tecnologias (livros e revistas especializadas, vídeos...), registrada em editor de texto. Com base no referencial teórico foram levantadas as hipóteses de solução e encaminhadas à direção do estabelecimento de ensino as sugestões para solucionar os problemas levantados. Todo este processo de aprendizagem foi realizado em grupos de pesquisa, organizados naturalmente pelos alunos. As atividades estão registradas, através de micro-artigos escritos pelos estudantes[19].

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

     Cabe aos Cursos de Formação de Docentes se adequarem às novas propostas e recursos, assim como ao educador se engajar nos cursos de formação continuada para estar atualizado nas novas tecnologias.

Aplicamos a metodologia de Projetos de Aprendizagem com aprendizes do 4º ano e a Metodologia da Problematização do Ensino com os estudantes do 1º ano, ambos do Curso de Formação de Docentes, na Modalidade Normal. Verificamos na prática as grandes possibilidades de aprendizagem que estas metodologias proporcionam, não somente pelos temas propostos pelos aprendizes, mas pela inclusão digital e pela formação de conceitos referentes à cidadania.

Para o sucesso dos projetos de aprendizagem é importante que a instituição possua equipamentos adequados ao acesso à rede mundial de computadores. Mas, para o Método do Arco não há uma efetiva necessidade da escola possuir esta tecnologia de ponta, pode-se utilizar somente os recursos disponíveis na escola. No caso do Estado do Paraná, haverá maior facilidade para aplicação de ambos os métodos, pois todas as escolas possuem laboratórios de informática com acesso a internet, interligados a um sistema central.

O desenvolvimento e aplicação do PA junto a aprendizes do Curso Normal, com ênfase em Séries Iniciais e Educação Infantil foi muito interessante, pois estes já possuem uma visão pedagógica no processo de ensino-aprendizagem, da construção do conhecimento, percebendo a importância da pesquisa partir de um tema selecionado pelo aprendiz. Percebemos o engajamento na pesquisa, sua motivação na seleção de dados e busca de soluções diante das dúvidas provisórias e comprovação das certezas temporárias. Sem mencionarmos que estas denominações são hipóteses, se considerarmos o rigor científico. Os aprendizes se dedicaram à produção de um material muito rico.

A participação do Professor Parceiro foi importante, tanto na troca de idéias, como no desenvolvimento da pesquisa, pois precisamos compartilhar todos os conhecimentos que adquirimos sobre estas metodologias e recursos tecnológicos, disseminando-os na escola, para que sejam utilizados por outras turmas e grupos de pesquisa.  O Professor Parceiro relatou que a metodologia do Projeto de Aprendizagem e a da Problematização do Ensino é interessante e importante para a ação docente junto a crianças e também a alunos com necessidades educacionais especiais. As orientações foram em sua grande parte em grupos e individuais. Cada estudante utilizou um computador do laboratório de informática da escola para realizar as atividades propostas.

             Tanto o Projeto de Aprendizagem como a Metodologia da Problematização do Ensino são ótimas para ensino interdisciplinar, na perspectiva adotada pelo Governo do Estado do Paraná é muito fácil de se trabalhar, à medida que se parte de um tema escolhido pelo aluno ou da realidade social, a relação interdisciplinar acontece naturalmente. Com a profundidade de conteúdos de acordo com o nível de aprendizagem da turma, chegando a outras articulações, como a transdisciplinar.

             O ponto de partida para o ensino de conteúdos, proposta pela pedagogia histórico-crítica, com base no Método do Arco, estudado no curso “O Estágio e a Avaliação na Formação de Docentes - Modalidade Normal”, promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, fundamentaram a nossa proposta de estudo da Gestão Escolar. Em nosso trabalho ficou muito claro que todo o processo de construção do pensamento do aprendiz tem que partir, preferencialmente, dos seus interesses, suas expectativas e curiosidades, ligando-as aos problemas da realidade social, ficando a cargo do professor a mediação entre o desejo do aprendiz e o referencial teórico-conceitual que o professor pretende que ele construa. A orientação pedagógica, durante o processo de aplicação do PA pressupõe de momentos presenciais e à distância. Berbel[20] propõe a construção do conhecimento, numa perspectiva dialética, destacando as dimensões científicas, políticas e sociais. 

             A alfabetização digital pode acontecer por projetos de aprendizagem, onde o aprendiz não precisa dominar os conhecimentos de informática instrumental para trabalhar com as tecnologias da informação e comunicação. É possível construir conhecimentos, se apropriar de novas metodologias e técnicas, durante a aplicação de projetos de aprendizagens em ambientes tecnológicos, como foi comprovado em nossa experiência, onde houve a participação de alguns estudantes que não tiveram contato efetivo com as tecnologias utilizadas. O Método do Arco pode ser aplicado também em ambientes virtuais, o que poderia enriquecer ainda mais o levantamento das situações problemas da realidade social, contextualizando-a numa dimensão escalar (do locar ao regional, nacional e até mundial, conforme o tema), no processo de teorização poderia ser utilizado a escrita colaborativa e todas as vantagens do acompanhamento a distância pelo professor da turma, de forma que o aprendiz teria a mão sempre a presença de um tutor até o próximo encontro em sala de aula.

A direção do estabelecimento de ensino colaborou no desenvolvimento dos projetos cedendo o acesso a todos os equipamentos, providenciando os recursos necessários para o seu sucesso. A escola demonstra possuir uma gestão democrática e engajada na implantação das tecnologias da informação e comunicação, de novas metodologias de ensino junto aos educadores e a comunidade escolar.

                As orientações de nossos tutores durante o desenrolar das experiências foram imprescindíveis, nos deram segurança e nos tiravam as dúvidas sobre os procedimentos e recursos. É importante esse processo de comunicação à distância, a tutoria possibilitou assessoria pedagógica no desenrolar das atividades, as mensagens de incentivo, os ambientes de postagem assíncrona[21] e síncrona[22] colaboram para que o aprendiz possua segurança em suas atitudes e ações docentes.

Os cursos de formação continuada, promovidos pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná têm proporcionado novas formas de trabalho pedagógico, com ações docentes mais seguras e garantia de sucesso no processo de aprendizagem, junto a estudantes da escola pública. Portanto, consideramos que é na sala de aula que vivenciamos as novas teorias educacionais, com base nas pesquisas de novos métodos e recursos tecnológicos.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

BERBEL, Neusi Ap. Navas. A metodologia da problematização no ensino superior e sua contribuição para o plano da práxis. Semina: Ci. Soc./Hum., Londrina, v. 17, Ed. Especial, p. 7-17, nov, 1996.

BERBEL, Neusi Ap. Navas; GOMES, Daniel Fernando Matheus. Exercitando a reflexão com coversas de professores. Londrina: GRAFCEL, 2005.

Fagundes,  Léa da Cruz et all. Projeto de Aprendizagem? O que é? Como se faz? Disponível em http://www.portalensinando.com.br/ensinando/principal/conteudo.asp?id=2033 acessado em 19/10/2007. às 17h

MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos."Comunicação síncrona" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002, http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=202 , visitado em 1/11/2007.

MAGDALENA, Beatriz Corso; COSTA, Íris Elizabeth Tempel. Internet na sala de aula: com a palavra, os professores. Porto Alegre: Artmed, 2003.

MENTA, Eziquiel. Wiki. Disponível em: http://www.escolabr.com/projetos/ferramentas_de_comunicacao/wiki.htm acessado em 19/10/2007 às 22h.

MORAN, José Manuel. Informação e comunicação na sociedade. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação. p. 9 (doc.)

PARANÁ. SEED. Orientações curriculares para o Curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível Médio, na Modalidade Normal. Curitiba, 2006. (doc)

 


[1] Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela FAFIJAN e Especialista em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem - UFRGS. Professora no Colégio Estadual Wolff Klabin – Ensino Fundamental, Médio e Normal, no Curso de Formação de Docentes na Modalidade Normal, em Telêmaco Borba – Paraná. SEED/PR e atualmente participante do Programa PDE/SEED-PR, turma 2008.

[2] MORAN, s.d., p. 9.

[3] Fagundes,  2007.

[4] Idem.

[5] MAGDALENA, 2003. p.16.

[6] É uma técnica pedagógica para organizar e representar o conhecimento. Os conceitos e as proposições são os blocos de construção do conhecimento em qualquer domínio. Foi criado por Joseph Donald Novak (1977) com base na aprendizagem significativa de David Ausubel (1968), cuja essência é que as idéias novas ancoram-se em conceitos relevantes que o aprendiz já sabe (subsunsores), pré-existentes na estrutura cogntiva de quem aprende.

[7] “Na linguagem havaiana WIKI quer dizer “Muito Rápido”, e esta é uma ferramenta que pode realmente agilizar a escrita coletiva em várias comunidades na Internet. O WIKI permite a construção de hipertextos através do próprio navegador de páginas da internet. Quando você navega por páginas em um WIKI, pode encontrar um botão que lhe dá opções de fazer correções, acrescentar informações e até mesmo alterar todo o conteúdo da página”. (MENTA, 2007)

[8] MENTA, 2007.

[9] TELEDUC, 2007.

[10] CEWK, 2007.

[11] SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ, 2006.

[12] Idem

[13] BERBE, 2005, p. 126.

[14] Idem, p. 127.

[15] BERBEL, 1996.

[16] Idem

[17] idem

[18] Idem

[19] Pesquisa e artigos disponível em http://estagioseed2007.pbwiki.com/Gest%C3%A3o+Escolar+CEWK acessado em 01/11/2007 às 11h.

[20] BERBEL, 1996.

[21] “Termo utilizado em educação a distância para caracterizar a comunicação que não ocorre exatamente ao mesmo tempo, não-simultânea. Dessa forma, a mensagem emitida por uma pessoa é recebida e respondida mais tarde pelas outras. Exemplos: curso por correspondência, correio eletrônico e algumas teleconferências computadorizadas. É o oposto de comunicação síncrona.” (MENEZES, 2007)

[22] “Termo utilizado em educação a distância para caracterizar a comunicação que ocorre exatamente ao mesmo tempo, simultânea. Dessa forma, as mensagens emitidas por uma pessoa são imediatamente recebidas e respondidas por outras pessoas. Exemplos: ensino presencial, conferências telefônicas e videoconferências. É o oposto de comunicação assíncrona”. Idem.

 

 

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