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A tecnologia na educação

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A Tecnologia na educação

 

 

 

MELLO, Rosângela Menta – SEED/PR[1]

rosangelamenta@seed.pr.gov.br

 

 

 

 

A internet e as demais tecnologias nos ajudam a realizar o que já fazemos ou que desejamos. Se somos pessoas abertas nos ajudam a ampliar nossa comunicação, se somos fechados, contribui para controlar mais. Se temos propostas inovadoras, facilita a mudança[2].

 

 

 

 

     A tecnologia é, como a escrita, na definição de Lévy apud Leite[3], uma tecnologia da inteligência, fruto do trabalho do homem em transformar o mundo, e é também ferramenta desta transformação. Partindo desse princípio, pode-se dizer que a tecnologia está presente na vida humana desde a época do fogo, mas foi com o avanço científico que o ser humano se apropriou de um conhecimento tecnológico que o leva ao mundo virtual, global e síncrono. Os objetivos das tecnologias de informação e comunicação na escola pública vão além das discussões teóricas, dos modelos psicológicos e filosóficos da história da educação.

     A tecnologia faz parte do nosso cotidiano, está implícita na maioria de nossas atividades, não é mais possível viver sem ela, assim como não é a salvadora dos problemas humanos ou uma finalidade em si mesma. Na escola não pode ser trabalhada distintamente, com conteúdos meramente instrumentais, distanciada das demais disciplinas da Educação Básica.

     As Tecnologias da Informação e Comunicação podem fazer parte dos meios necessários para o sucesso da aprendizagem, assim como devem contribuir para a formação de um cidadão solidário, participativo em nossa sociedade diante das constantes transformações.

 

1 Contexto histórico

 

     A Tecnologia Educacional[4] surgiu na década de 40, no século passado, nos Estados Unidos como disciplina acadêmica, presente em currículo, em caráter investigativo, mas só em 1946 tem o tratamento de estudos de Educação Audiovisual da Universidade de Indiana. Na década de 50, após a difusão da televisão, o audiovisual ganha forças e a televisão, é recebida com euforia por alguns educadores.

     A partir dos anos 70 dominados pelo espírito advindo da Revolução Industrial de desenvolvimento tecnológico, inaugura-se um conceito novo e mais amplo de tecnologia. Assim, incorporam-se contribuições da Teoria dos Sistemas, de Administração Geral, Teoria das Comunicações e da Cibernética. Desponta o período em que estratégias de instrução, aprendizagem significativa e gerativa, softwares educativos e a educação programada são adotados no processo ensino-aprendizagem, com base nas teorias behavioristas, enfatizando a importância do método e da dimensão técnica da educação no processo educativo. As tecnologias são incorporadas aos cursos de formação de professores com a disciplina de audiovisuais

     No Brasil são implantadas as Leis 5692/71 e 5540/69 de cunho tecnicista e instrumental. Segundo Valente[5], a história da Informática na Educação no Brasil data de mais de 20 anos e no Paraná aproximadamente desde 1984[?] com o início da informática no sistema Logo[6]. Em 1988 começou o ensino a distância no Paraná[7] com a implantação de videotecas (ficaram disponíveis aos professores) nos 32 Núcleos Regionais de Educação. O MEC lança o Programa Nacional de Informática Educativa – PRONINFE com a implantação de 31 Centros de Informática Educativa – CIED em todo o país.

     Segundo Machado[8] na década de 90 houve

 

 

A popularização da informática, o advento das grandes redes telemáticas, entre outras inovações das últimas décadas, especialmente no campo das novas tecnologias da informação e da comunicação (NTIC) revestem-se de um potencial educativo e instrucional que exige um enorme esforço dos teóricos para com uma reconceitualização do campo da TE [Tecnologia Educacional]. Não se pode retroagir a uma concepção da TE como estudo dos meios tecnológicos de ensino, como se fazia nos anos 50 e 60, ou como “estudo do ensino como processo tecnológico” (PONS, 1994, p.44) como queriam os anos 70. [...] A TE hoje, apesar das resistências, não deve mais ser considerada como uma tendência pedagógica autônoma, como queriam as décadas passadas, mas como um ramo privilegiado da Didática, que trata da aplicação dos conceitos e proposições desta ciência na organização integral do ensino[9].

 

 

     A tecnologia educacional deve passar a ser discutida como um ramo da didática, fazendo parte dos estudos de Organização do Trabalho Pedagógico, de tal forma que o educador se aproprie destes conceitos, métodos e recursos para desenvolver a ação docente. Educadores argentinos consideram que

 

 

...tecnologia educacional, assim como a didática, preocupando-se com as práticas do ensino, mas diferentemente dela inclui entre suas preocupações o exame da teoria da comunicação a dos novos desenvolvimentos tecnológicos: a informática, hoje em primeiro lugar, o vídeo, a TV, o rádio e os impressos, velhos ou novos, desde livros até cartazes. (MAGGIO apud MACHADO)[10].

 

 

     Por estes motivos, o educador precisa cuidar para não cair no tecnicismo; há que se aprofundar nas teorias da comunicação, compreender como o estudante pode construir conhecimentos com o uso destes recursos e quais as metodologias mais apropriadas para esta finalidade.

     No Programa Um Salto para o Futuro, do Governo Federal[11], 400 telepostos iniciam um trabalho de capacitação para os professores do Paraná em 1992. O nome do projeto ficou famoso. O grande objetivo era não permitir que através da tecnologia de educação à distância não se deixasse o ensino público para traz.

     Em 1996 é promulgada a reforma educacional com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº. 9394/96, destacando no Sistema Educacional Brasileiro a necessidade da educação tecnológica e a distância, com 10 anos de prazo de adequação às novas normas.

     O programa Proinfo[12] (Programa Nacional de Informática na Educação), foi criado em 9 de abril de 1997, pelo Ministério da Educação, cujo trabalho principal é o de introduzir as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas escolas públicas de Ensino Médio e Fundamental. Em 2007 o MEC criou 101 Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE) na região sul, sendo que no Brasil havia um total de 446 NTE. Este programa de informatização da rede pública de educação vem distribuindo de 8 ou 10 microcomputadores para os estabelecimentos de ensino, selecionados por estado e municípios.

 

 

Em função do PROINFO/MEC, o Estado do Paraná implantou 12 NTEs nas cidades de: Campo Mourão, Cascavel, Cornélio Procópio, Curitiba, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina, Maringá, Pato Branco, Ponta Grossa, Telêmaco Borba e Umuarama. Foram repassados 2.843 computadores através do PROINFO, sendo 2.691 para escolas públicas estaduais e 152 para escolas municipais[13].

    

     Em 2008 a intenção do MEC foi de entregar 19 mil laboratórios de informáticas para as escolas urbanas e 7 mil laboratório para escolas rurais, perfazendo um total de 26 mil

...representa a duplicação do total de computadores adquiridos em toda a história do programa. Desde 1997, cerca de 27 mil laboratórios foram comprados pelo ProInfo. Em pouco mais de dez anos, mais de 310 mil computadores foram licitados, beneficiando os alunos de aproximadamente 22 mil escolas em todo Brasil. O número também representa o dobro da compra realizada em 2007, quando foram licitados 12 mil laboratórios – nove mil para escolas urbanas e três mil para rurais. [...] Cada laboratório será composto por: um servidor multimídia, sete microcomputadores, 16 terminais de acesso, uma leitora de SmartCard, nove estabilizadores, uma impressora laser/led e um roteador wireless. Está previsto ainda o fornecimento de um computador para a administração das escolas. [...] os equipamentos terão suporte e garantia de 36 meses. Todos deverão ser compatíveis com o Linux Educacional 2.0, software livre elaborado especialmente para atender às escolas públicas do Brasil, com conteúdos pedagógicos pré-selecionados.[14]

    

O Governo Federal além de investir em equipamentos para a rede pública, possui o portal do MEC e criou o Portal do Professor e disponibiliza o Banco Internacional de Objetos Educacionais com recursos para todas as modalidades de ensino, além de instalar banda larga nas escola públicas. Todos os usuários da rede mundial de computadores podem baixar o Linux Educacional na página eletrônica do Webeduc. O objetivo do Ministério da Educação é fechar 2008 com cerca de 100 mil professores em processo de capacitação no uso das tecnologias.

     O Governo do Estado do Paraná inicia em 1997 o processo de implantação de laboratórios de informática nos colégios públicos. Estes equipamentos, apesar de sucateados ainda hoje subsidiam o trabalho pedagógico dos professores.

 

 

Em 1997 foi implantado no Estado o Programa de Extensão, Melhoria e Inovação do Ensino Médio do Paraná – PROEM, o qual estabeleceu reformulações no Ensino Técnico Profissionalizante, concomitante a reformas de colégios públicos estaduais com a construção de bibliotecas e laboratórios de informática e o financiamento para a compra de computadores e periféricos para 912 colégios do Estado através da Feira de Informática ocorrida em julho de 1998 em Faxinal do Céu. O número de computadores estipulado para cada colégio foi proporcional ao número de matriculados no ensino médio naquele ano, o qual variou de 3 a 22 computadores por colégio. O valor monetário correspondente aos equipamentos atribuídos a cada colégio foi depositado na conta bancária das Associações de Pais e Mestres - APM deste. Diretores e presidentes das APM negociaram a compra dos computadores e periféricos diretamente nos "stands" das empresas que participaram da supracitada feira, durante a qual, os colégios adquiriram um total de 6.352 computadores. Este foi o único repasse de computadores para colégios do Estado através deste Programa. Nos documentos consultados do PROEM nos arquivos do CETEPAR, também continha descrita a intencionalidade de prover os colégios de softwares educacionais e de conexão à rede mundial de computadores, a internet. [15]

    

     Nesta época inicia o processo de formação das equipes de profissionais que assumiriam a função de disseminar o uso pedagógico do computador através de Núcleos de Tecnologia Educacional – NTE em todo o país. No ano seguinte foram repassados 6.352 computadores para colégios públicos estaduais através do Programa de Extensão, Melhoria e Inovação do Ensino Médio do Paraná – PROEM.

     No período de 1998 até meados de 2002, o enfoque da informática nas escolas era mais instrumental do que pedagógico, isto é, pouco inserida no contexto das disciplinas da Educação Básica.

     Em 2003

 

 

O Governo do Estado do Paraná lança o Programa Paraná Digital e o Portal Dia-a-Dia Educação com a prerrogativa do desenvolvimento da cultura de uso pedagógico de tecnologia de informação e comunicação com base em Software Livre e na Construção Colaborativa do Conhecimento.

 

 

             Em continuidade ao programa para oferecer suporte técnico, em 2004 houve a

 

 

Criação da Coordenação Estadual de Tecnologia na Educação e de 32 Coordenações Regionais de Tecnologia na Educação (incluídos os 12 NTEs) nos 32 Núcleos Regionais da Educação, responsáveis pela pesquisa, capacitação e publicação de informações concernentes ao uso de recursos tecnológicos no contexto escolar público do Estado do Paraná.[16]

 

 

     Em 2007, o Estado do Paraná possuía a Coordenação Estadual e 32 Coordenações Regionais de Tecnologia Educacional - CRTE, instalados nos 32 Núcleos Regionais de Educação, atendendo os 399 municípios do Paraná. O projeto ainda está em fase de implantação no Estado do Paraná:

 

 

O projeto Paraná Digital está criando laboratórios multiterminais em 2 mil escolas públicas do Paraná. O projeto foi idealizado pela Secretaria da Educação com o apoio da Companhia de Energia Elétrica do Paraná – Copel e desenvolvido pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Além disso, a Copel disponibiliza as redes de fibra ótica para a conexão dos computadores à internet, a Celepar dá manutenção e desenvolve os sistemas de software livre dos portais e a UFPr dos multiterminais. Outro apoio importante vem do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), responsável pelos editais e pela transparência de todo o processo licitatório. Os laboratórios terão multiterminais four-head[17] rodando Debian (distribuição Linux). (CELEPAR, 2007)[18]

 

 

 

 

                No Gráfico 1, observamos o relatório gerado em 07/12/2008 sobre o uso de computadores nas escolas públicas do Estado do Paraná, no programa Paraná Digital.

 

 

GRÁFICO 1: Uso de computadores por escolas públicas estaduais por Mês (2008) – Estado do Paraná

FONTE: http://www.prdestatistica.seed.pr.gov.br/pentaho/jsp/PrdDashboard.jsp acessado em 07/12/2008

 

 

     Podemos observar que a partir de junho houve um grande aumento no uso dos equipamentos e que a estatística de dezembro refere-se apenas a 7 dias do mês. O acesso a este recurso aumentou em torno de um milhão de usuários em 2008.

     O Estado do Paraná[19] implantou a TV Escola e conta com uma Coordenadoria Estadual e 32 coordenadores regionais escolhidos pelos respectivos NREs, sendo responsáveis pela dinamização do uso desta tecnologia em sala de aula, assessorando professores de sua região. A capacitação desses profissionais é fortalecida com a parceria da CETE (Coordenação Estadual de Tecnologia na Educação) com o MEC (Ministério da Educação e Cultura). Outra parceria que começou acontecer em 2005 e se revela promissora é com o Canal Futura. O desafio da TV Escola é sem dúvida vencer as distâncias que separam alguns brasileiros do saber pedagógico sistemático.

     O Governo do Estado do Paraná[20] lança em 2004, além do Programa Paraná Digital, o Portal Dia-a-Dia Educação com a prerrogativa do desenvolvimento da cultura de uso pedagógico de tecnologia de informação e comunicação com base em software livre e na construção colaborativa do conhecimento. Foram planejados os processos de inclusão digital nas 2100 escolas do estado.

     Em 27 de junho de 2006 o Governo Roberto Requião[21] lançou a TV Paulo Freire, um canal exclusivamente educacional para o Paraná. Com o uso da tecnologia, do trabalho consciente, os primeiros passos dessa caminhada foram dados, com uma programação variada, tendo como objetivo aprimorar a formação de professores, proporcionarem fontes de pesquisa e recursos na relação ensino-aprendizagem. Trabalha com quatro categorias: formação do professor, informativos, conteúdos complementares ao currículo e campanhas de mobilização.

     As novas tecnologias foram elevadas à dignidade de um conceito. E, entre elas, a informática aparece como uma tecnologia que está mudando nosso modo de viver, de pensar e trabalhar, pode-se dizer que estamos vivendo a revolução pela informática, com implicações tanto técnicas quanto ideológicas em sala de aula. O professor ainda pode assistir programas on-line e acessar um banco de vídeos sobre o Eureka (conteúdos disciplinares focando o vestibular), Vídeos especiais, Hora Atividade (destinado a organização do trabalho docente e temas afins), Nós da Educação (programa de entrevistas) e o Dia-a-dia Educação.

     A Tecnologia de Informação e da Comunicação tem despontado no Paraná como um instrumento de socialização do conhecimento e de construção de novas formas de aprender, pesquisar e ensinar.

 

2 Concepção epistemológica da tecnologia na educação

 

     A educação com o auxílio da Tecnologia Educacional inicia com o encontro, pois segundo Paulo Freire[22], educamo-nos sempre em comunhão. Este encontro pode se dar com outra pessoa ou um grupo de pessoas, seja através de um fórum de discussão, de um texto onde dialogo com o autor e interpreto suas idéias, ou nas mais diversas formas de diálogo.

     O uso da tecnologia pressupõe um trabalho colaborativo, seja através de uma conexão de internet, seja analisando um vídeo ou mesmo produzindo um texto. Esta conectividade faz a diferença em relação às demais pedagogias de ensino. A educação a distância pela internet pressupõe uma relação interativa entre tutores, professores e estudantes, compartilhando espaços e tempos diferentes ou ao mesmo tempo, pois mesmo numa interação assíncrona estamos interagindo com as idéias e aprendendo com o outro.

     Para a superação da pedagogia dominante precisamos de uma mudança de paradigma, de nos apropriarmos de uma nova concepção de educação, e isto pode ocorrer com o uso de tecnologias educacionais, numa visão mais construtivista e interacionista, em oposição ao instrumentalismo e à competitividade dominantes. A presença dos educadores portadores desta nova postura é indispensável ao novo modelo de sociedade que se desponta atualmente.

     A escola deverá organizar as atividades e novas metodologias, prevendo a inserção das tecnologias da informação e da comunicação, em seu projeto político pedagógico, o que nos remete a uma outra reflexão: essa condição pressupõe que, em seu bojo, houve uma revolução de paradigmas da concepção e organização pedagógica no interior da escola, na ação docente e na intencionalidade do aluno quanto aos estudos e a prática da pesquisa.

     A idéia central é uma educação em rede, explorada de forma cooperativa, em sua dimensão emancipadora, orientando o aprendiz/cidadão a reflexões e novas práticas para uma educação além da tecnologia, isto é, educar para a solidariedade humana. Segundo GOMES[23],

 

 

Uma proposta de educação no mundo digital ou mesmo de educação a distância para a formação de professores perpassa a tecnologia, mas não a desconhece; reflete sobre ela, discute-a e a utiliza, pois é parte constitutiva do processo social de conhecimento [...] considera como eixos o sujeito, a mediação pedagógica e o desenho participativo.

     

     O diálogo é a tônica do processo educativo; as discussões e reflexões, virtuais ou não, que levam o aprendiz a constituir-se cidadão.

     Os princípios básicos desta proposta estão acentuados na educação popular, considerando-se a dimensão política da educação paranaense, a organização do ser humano a partir de seus saberes, o pronunciamento, a metodologia dialógica e a permanente relação texto/contexto em busca da tomada de consciência para uma ação transformadora em uma sociedade crescentemente diversificada, multi, inter e transcultural.

 

3 Dimensão teórico-metodológica da tecnologia na educação

 

     Os pressupostos teóricos propostos preocupam-se com a ação docente, tendo sempre presente as novas descobertas e as pesquisas educacionais que proporcionam a mediação dialógica.

     Para Machado[24],

 

 

os métodos de ensino são as formas através das quais os professores irão trabalhar os diversos conteúdos com a finalidade de atingirem os objetivos propostos. Compreende as estratégias e procedimentos adotados no ensino por professores e alunos . Os métodos se caracterizam por ações conscientes, planejadas, controladas, e visam atingir, além dos objetivos gerais e específicos propostos, algum nível de generalização.

    

     Em virtude das significativas mudanças advindas do processo de desenvolvimento tecnológico faz-se necessário também, que os profissionais da educação permitam novos olhares à educação, não é possível utilizar a informática como uma maquina de escrever elétrica e muito menos perpetuar um ação docente reprodutora da sociedade dominante.

     A velocidade com que as informações se proliferam e com os recursos tecnológicos que se fazem presentes a cada dia, de maneira mais intensa na vida das pessoas, este deve proporcionar momentos de reflexão, permitindo que na escola a mudança também ocorra da mesma forma e na mesma velocidade que as pesquisas. Se os estudantes não se interessam pelas aulas por considerarem pouco atrativas e ao mesmo tempo, passam horas conhecendo o mundo através da Web, é fundamental que o professor reflita sobre sua prática pedagógica, buscando novas metodologias, que proporcionem a interação e o diálogo com o texto, seja na interlocução com o texto ou em forma de escrita colaborativa.

     A informática pode influenciar significativamente neste processo. Na internet, por exemplo, os estudantes lêem como nunca leram antes, desenvolvem o raciocínio lógico e a escrita colaborativa em virtude de suas participações em ambientes dinâmicos em que necessitam de rapidez no raciocínio e nas postagens, tais como: chats, comunicadores instantâneos, blogs, flogs, jogos em RPG, comunidades virtuais, entre outros, podem permitir que crianças e adolescentes criem redes de comunicação, informação e interação na Web, desenvolvendo assim, a escrita, a oralidade e a criticidade, tornando-se cidadãos, e não somente receptores passivos de informações, como nos meios de comunicação em massa, mas criativos e críticos. É fundamental, no entanto, que o professor faça a mediação nesse processo, orientando-os e dando os encaminhamentos necessários para que esta utilização se dê de forma responsável, sadia, ética e, principalmente, produtiva.

     As práticas pedagógicas na esfera virtual, na sala de aula, nas atividades extra-classe ou mesmo complementares, segundo GOMES[25] são de gestão colaborativa. A partilha de aprendizados específicos sobre as ferramentas, mídias, softwares e a ambiência da internet perpassam os processos pedagógicos de mediação. Desta forma, propomos uma educação em rede, fundamentada na socialização e solidariedade entre as dimensões: técnica, humana e do conhecimento, permitindo aos educadores projetar-se, manifestar-se e existenciar-se na esfera virtual, um espaço de fala, leitura, escrita, deliberação e realizações.

     Considerando a proposta com bases teóricas na pedagogia freiriana, o pensamento em rede, rizomático e criativo, surgem da autonomia dos sujeitos para uma ação que ajude a educar o ser humano para a liberdade, num mundo globalizado, rompendo com os ranços da visão tradicional e do projeto pedagógico pronto.

     A linha de trabalho em sala de aula proposta é rizomática, isto é, a imagem do rizoma não se presta à hierarquização, mas à proliferação de pensamentos, ou seja, qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve sê-lo. Segundo Deleuze e Guattari apud Monhoz[26] numa perspectiva rizomática o princípio passa a ser a transversalidade, transitar pelo território do saber construindo sentidos, fazendo conexões.

     Neste sentido a proposta de aprendizagem, partindo de temas selecionados pelos próprios estudantes, proporcionam a perspectiva rizomática.

     Segundo MONHOZ[27]

 

 

...os campos dos saberes são abertos, são como horizontes sem fronteiras, trânsitos livres e inéditos. As práticas pedagógicas ocorrem nos espaços micro políticos, no âmbito das salas de aula, já que é nas ações quotidianas de cada um, opondo resistências, produzindo diferença, provocando desterritorializações.

 

 

     O caráter educativo é obtido pelo convívio escolar e pelas transformações que os educadores/estudantes possam fazer a partir deles. Cabe a proposta pedagógica especificada no projeto político pedagógico da instituição de ensino, propor formas planejadas, organizadas e métodos adequados para o permanente uso das tecnologias no cotidiano da sala de aula, concernentes a sua época e lugar, além de estarem sempre inovando em níveis de complexidade.

 

 

4 Gestão organizacional das tecnologias na Educação Básica

 

     Propõe-se a utilização consciente das Tecnologias da Informação e da Comunicação, subentendendo-se que o professor já incorporou tecnicamente e pedagogicamente os recursos tecnológicos, fazendo seu uso metódico em suas aulas, enriquecendo assim, sua prática educativa.

     Para que isso deixe de ser ideal e se torne real é importante garantir que as escolas tenham equipamentos adequados, facilitando o contato entre o professor e a informática, as mídias, a internet etc, criando situações em que o professor incorpore a cultura digital, engajando práticas educativas voltadas para a construção do conhecimento em rede. Além disso, faz-se necessário também, que os educadores se apropriem da nova linguagem virtual, visto que a implantação de software livre no Paraná é uma realidade, assim como a inclusão digital, pois todas as escolas têm os laboratórios de informática equipados com máquinas de última geração, TVs Pendrive[28], DVDs, antenas receptoras digitais, acervo bibliográfico atualizado, cabendo a todos a organização de tempos e espaços na utilização deste material, de forma que todos tenham acesso.

     Segundo Valente[29], o computador está propiciando uma verdadeira revolução no processo ensino-aprendizagem, sendo uma das razões o fato do computador ser capaz de dinamizar o ensino. Assim, não há como ignorar esse novo método de ensinar. Ressaltamos a importância da ação colaborativa entre os profissionais da educação e seus gestores, devendo propiciar momentos de reflexões quanto a sua utilização significativa em sala de aula.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

     Percebemos que a escola pública do Estado do Paraná já possui uma caminhada, com base nas teorias e propostas metodológicas por renomados autores e correntes pedagógicas. Temos certeza que o acesso à rede mundial de comunicação, disponível em todas as escolas públicas estaduais do Paraná, com sistemas operacionais e softwares pedagógicos free, aos portais educacionais, a leitura crítica e construtiva das mídias veiculadas pelos ambientes telemáticos, a atualização do acervo das bibliotecas das escolas públicas, a inserção de novas tecnologias digitais como a TV PenDrive, serão um avanço significativo ao processo de formação do cidadão paranaense e a formação de uma nova ressignificação dos processos pedagógicos em sala de aula.

Cabe aos Cursos de Formação de Docentes e a Educação Básica se adequarem às novas propostas e recursos, assim como ao educador se engajar nos cursos de formação continuada para estar se atualizado no uso das novas tecnologias em sala de aula.

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

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[1] Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela FAFIJAN e Especialista em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem - UFRGS. Professora no Colégio Estadual Wolff Klabin – Ensino Fundamental, Médio e Normal, no Curso de Formação de Docentes na Modalidade Normal, em Telêmaco Borba – Paraná. SEED/PR e atualmente participante do Programa PDE/SEED-PR, turma 2008.

[2] MORAN, s.d., p. 9.

[3] LEITE et al., 2003. p. 11.

[4] MACHADO, 2007.

[5] ALMEIDA, 2007.

[6] PARANÁ, 2007.

[7] Idem.

[8] MACHADO, 2006.

[9] Idem

[10] Idem

[11] MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2005.

[12] BRASIL, 2007. O e-ProInfo é um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem que utiliza a Tecnologia Internet e permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância e ao processo ensino-aprendizagem.

[13] PARANÁ, 2007

[14] MEC, 2008.

[15] TONO, 2007.

[16] PARANÁ, 2007

[17] Four Head significa "Quatro Cabeças", pois, para cada CPU, temos quatro monitores, quatro teclados, quatro mouses...

[18] CELEPAR INFORMÁTICA DO PARANÁ, 2007.

[19] PARANÁ, 2007.

[20] Idem.

[21] Idem.

[22] FREIRE, 1996.

[23] GOMES, 2004, p. 21.

[24] MACHADO, 2006.

[25] GOMES, 2004. p. 183.

[26] MONHOZ, 2007.

[27] Idem. p. 17

[28] PARANÁ. 2007.

[29] VALENTE, 2007.

 

 

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